"Que as coisas continuem como antes, eis a catástrofe!" (Walter Benjamin)

“A cada experiência frustrada, recomeçam. Não encontraram a solução: a encontrarão. Jamais os assalta a idéia de que a solução não exista. Eis aí sua força” (José Carlos Mariátegui)


quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Luta pelo Reconhecimento

Honneth defende que falhas internas aos modelos de Horkheimer, Adorno, Foucault e Habermas foram responsáveis por aquilo que chama de "déficit sociológico da Teoria Crítica". Esses quatro autores, em suas tentativas de explicar a forma de integração das sociedades modernas - nas quais a ordem de dominação capitalista prevalece - chegaram, segundo Honneth, às mesmas dificuldades no domínio do social, que não fora devidamente teorizado por nenhuma das versões finais das teorias. Ou seja, apesar de proporem paradigmas teóricos explicativos da integração social, a atividade cotidiana ficava de lado, em favor de uma teorização mais profunda acerca da dominação. Com isso, a própria Teoria Crítica se colocava problemas que não poderia resolver. Daí a necessidade, colocada por Honneth, de uma atualização que se pautasse pela solução deste déficit sociológico por meio de uma teoria da integração cujo centro ativo fosse a atividade cotidiana.
A construção deste modelo é o tema de seu livro mais importante: Kampf um Anerkennung (Luta por Reconhecimento), no qual o conceito de reconhecimento é derivado principalmente dos trabalhos de filosofia social do jovem Hegel, complementados pela psicologia social de Mead, pela ética comunicativa de Habermas e pela teoria da "relação de objeto" de Winnicott. Este conceito apresenta a ideia de que expectativas normativas morais conformam a auto percepção dos indivíduos, e, na medida em que estas expectativas são desrespeitadas, tornam-se combustível de conflitos pelo reconhecimento de suas qualidades - o que, em sua opinião, torna o conceito de auto percepção mais amplo do que a ideia de identidade, uma vez que esta é uma das qualidades pelas quais o sujeito pode se reconhecer positivamente.
O recente trabalho de Honneth, Reification: A Recognition-Theoretical View reformula um conceito chave do marxismo ocidental em termos de relações intersubjetivas de reconhecimento e poder. Para Honneth, todas as formas de reificação se devem mais a patologias no âmbito da intersubjetividade, do que ao caráter estrutural dos sistemas sociais, como o capitalismo, tal como defendem Karl Marx e György Lukács. A versão brasileira Reificação: Um estudo de teoria do reconhecimento, traduzida por Rúrion Melo, será editada pela Esfera Pública em 2011.

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